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Análise conjuntural da situação econômica de países emergentes

Análise conjuntural da situação econômica de países emergentes
junho 22
16:27 2016

SITUAÇÃO ECONÔMICA — A Turquia é um país emergente que conquistou a estabilidade a partir de 2001, depois de um longo período de crises. O país passou por crises políticas, déficit do balanço de pagamentos, monetização do déficit orçamentário, clima de guerra civil. Essas crises, combinadas com taxas de inflação muito elevadas registradas desde o início da década de 1970, levaram o país a maior crise econômica da sua história moderna, no ano de 2000.

A crise econômica vivida no ano de 2000 precisou da intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI). Foi nesse início da década que o país adotou importantes reformas econômicas visando retomar o caminho do crescimento e da estabilidade econômica.

Para estabilizar a economia, entre tantas outras reformas, o país adotou, em 2001, o regime monetário de metas de inflação, taxa de câmbio flutuante e concedeu autonomia ao Banco Central na condução da política monetária.

As reformas econômicas introduzidas no início da década trouxeram resultados positivos para a economia, sem desprezar também uma certa estabilidade política (ainda incompleta) conquistada no mesmo período e que pode ser considerada como elemento mais importante para o desempenho atual da Turquia (ver Figura 1 e Tabela 1).

Antes da recente recessão global que atingiu todas as economias do mundo, a economia turca apresentou forte crescimento econômico por vários trimestres consecutivos, o que a tornou uma das economias de mais rápido crescimento entre os países emergentes.

Observa-se, a partir da Figura 1 que, apesar da crise internacional que afetam vários países desde 2007, a Turquia registrou altas taxas de crescimento do Produto Interno Bruto em 2010 e 2011, depois de ter sido afetado pela crise em 2008, crescendo apenas 0,7%, e em 2009, com a economia caindo 4,8%.

Tabela 1: Taxas de Crescimento do PIB e Inflação entre 2000 e 2011

Tabela1

Figura 1: Taxas de Crescimento do PIB e Inflação entre 2000 e 2011
Tabela2
Esses resultados podem ser atribuídos a uma sólida estratégia macroeconômica, aliada a políticas fiscais prudentes e grandes reformas estruturais, que vem inserindo a economia turca ao mundo globalizado e transformando o país em um dos maiores beneficiários do Investimento Estrangeiro Direto (IED) 1 .

Além disso, a Turquia foi classificada como o 13o destino mais atraente para IED em 2012, de acordo com o A.T. Kearney FDI Confidence Index.

Segundo a Agência de Suporte e Proteção ao Investimento do país, as reformas estruturais, aceleradas pelo processo de admissão da Turquia na União Europeia, abriram caminho para mudanças abrangentes em inúmeras áreas. Os principais objetivos desses esforços eram fortalecer o papel do setor privadona economia turca, aumentar a eficiência e a resistência do setor financeiro e propiciar uma base mais sólida para o sistema de seguridade social 3 . As reformas implementadas fortaleceram os fundamentos macroeconômicos do país.

Vale lembrar que a Turquia é país-membro da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), do Grupo dos 20 (G20) e da Organização Mundial do Comércio (OMC).

No âmbito do comércio internacional, é importante observar que existe um acordo entre o país e a União Europeia que permite à Turquia participar da União Aduaneira, preparando a economia do país para seu ingresso na União Europeia 4 . Desde a assinatura desse acordo, o setor do turismo tem crescido rapidamente, destacando-se como um componente importante da economia turca.

Apesar desses avanços, a balança comercial turca vem registrando déficit crônico ao longo dos últimos anos por causa da importação, principalmente do petróleo e de bens intermediários necessários para sustentar o crescimento (ver Tabela 2). Os déficits nas contas externas da Turquia são crônicos e anteriores ao ano 2005, que foi tomado como exemplo na tabela.

Tabela 2: Saldo da Balança Comercial (um mil dólares)

Tabela3

Observa-se que o déficit nas contas externas do país se agrava ao longo dos anos. Uma das maneiras de resolver o problema consiste em continuar investindo mais na educação e pesquisas para aumentar a estrutura industrial com bens de alta tecnologia, que possuem altos valores agregados no mercado internacional. Para isso, é necessário que o país continue aprofundando as reformas tanto políticas como econômicas que vem implementando na última década.

Os principais produtos exportados pela Turquia são: produtos têxteis e de vestuário, metais comuns (ferro, aço etc.), automóveis e autopeças e produtos agro-industrializados. O principal parceiro econômico da Turquia atualmente é a União Europeia, principalmente, Alemanha, Reino Unido, Itália e França. Os grandes compradores ou principais parceiros econômicos dos produtos vendidos no mercado internacional, além da União Europeia, são: Iraque, Irã, Emirados Árabes Unidos e Rússia.

Os principais produtos importados pelo país incluem petróleo e gás, produtos químicos, metais comuns e máquinas e aparelhos mecânicos. Os principais fornecedores da Turquia são: Rússia, China, União Europeia (principalmente Alemanha, Itália e França) e Estados Unidos.

A Turquia tem boas relações comerciais com o Brasil. De acordo com os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o intercâmbio comercial entre Brasil e Turquia totalizou um montante de US$ 2.171.245.784 em 2012. O Brasil registra superavit comercial com a Turquia há mais de duas décadas. Contudo, entre janeiro e maio 2013, o saldo comercial entre o Brasil e a Turquia não parece favorável ao Brasil, tendo registrado déficit de US$ 205.069.917.

Tabela 3: Saldo comercial entre Brasil e Turquia (em U$ F.O.B.)

Tabela4

 

De acordo com o MDIC, entre os principais produtos exportados pelo Brasil para a Turquia, em 2012, estão os minérios de ferro não aglomerados e seus concentrados, representando 23,8% de todas as exportações; algodão simplesmente debulhado (não cardado, nem penteado), 8,3%; café em grão não torrado e não descafeinado, 6,6%; e fumo, 5,5%.

Os principais produtos importados da Turquia pelo Brasil, em 2012, incluem barra de ferro ou aço, lâmina quente, dentadas etc., 11,5%; fio de fibras artificiais, 8,8%; e acessórios e outras partes de carroçarias para veículos automóveis, 6,6%. Em 2013, observa-se que o Brasil passou a importar, além desses produtos, gasolina (exceto para aviação), o que representa 35,8% de todas as importações.

Com mais de 73 milhões de habitantes, a Turquia é um país aberto, que oferece grandes oportunidades para investimentos. O país possui um setor privado dinâmico e uma mão de obra jovem, abundante e qualificada. Entretanto, é bom notar que o país tem um regime político classificado como híbrido, o que aumenta um pouco o risco político. Existem alguns problemas com as minorias étnicas que se tornam empecilho para o desenvolvimento sustentado. É necessário incluir toda a população no processo de desenvolvimento para excluir as possibilidades de conflitos sociais.

Quando a estabilidade política for totalmente conquistada, com uma democracia sólida, os recursos gastos pelo país para a sua segurança poderão ser destinados para investimentos em educação e pesquisas. Dessa forma, o país consolidará a sua posição, não apenas na região, mas também como uma das maiores economias entre os países emergentes.

Notas
1 Investment Support and Promotion Agency. Acesso: http://www.invest.gov.tr/pt-PT/investmentguide/investorsguide/Pages/InternationalTrade.aspx

2 Acesso: http://www.atkearney.com/research-studies/foreign-direct-investment-confidence-index

3 Investment Support and Promotion Agency. Acesso: http://www.invest.gov.tr/pt-PT/investmentguide/investorsguide/Pages/InternationalTrade.aspx

4 O ingresso da Turquia enquanto membro efetivo da União Europeia encontra fortes resistências de alguns países do bloco, como a Alemanha, que considera a democracia turca frágil. Outros países pensam que a Turquia não faz parte da Europa para que seja admitida dentro do bloco. Por isso, poderiam existir apenas acordos aduaneiros, mas não necessariamente ser membro pleno da União. Essas opiniões não são consensuais e encontram fortes repúdios da parte do governo turco.

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