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Protesto no Brasil, silêncio e ditadura na Turquia

Protesto no Brasil, silêncio e ditadura na Turquia
abril 08
12:50 2016

Neste domingo (13), milhares de brasileiros estão nas ruas em protesto contra o governo Dilma Rousseff e os escândalos de corrupção que assolam o país. Enquanto no Brasil o livre exercício da democracia tem sido feito à enésima potência – até com certos exageros em alguns casos – há, fora de nossas fronteiras, exemplos preocupantes de países que rumam para a ditadura, muito bem disfarçada de democracia. Um deles é a Turquia.

IMPRENSA está no país para observar de perto os efeitos de um cerceamento das liberdades de imprensa e pensamento, que começa a chamar a atenção do mundo, mas que parece passar ao largo de grande parte da população local, alienada por uma mídia quase toda favorável – não por vontade própria- ao governo do presidente Recep Tayyip Erdogan.

CORRUPÇÃO E ENDURECIMENTO

Desde 2013, quando passou a ser investigado por casos de corrupção, o presidente Erdogan passou a tratar com mão de ferro seus opositores. Por meio de manobras políticas, o governante tem a seu favor a maior parte do judiciário e usa a força, mascarada por Leis, para intervir em veículos de comunicação e fechar aqueles que não estão alinhados ao seu governo.

No final de outubro do ano passado, a Bugün TV e o jornal Bugün foram invadidos e tomados pelo estado à força, sob alegação de que havia suspeitas de irregularidades em seus balanços e documentos. Três meses depois, o canal, que era jornalístico e se mantinha em terceiro lugar em audiência no país, saiu do ar em definitivo.

Recentemente, em 04/03, o grupo Zaman recebeu intervenção, sob acusação de terrorismo e associação ao terrorismo, por ser fortemente ligado ao imã Fethullah Gülen, fundador do movimento social-religioso Hizmet. Gülen é um dos principais opositores de Erdogan e o Hizmet, que tem milhares de seguidores mundo afora, foi classificado como um grupo terrorista pelo governo turco.

:Reprodução
Grupo foi tomado pelo governo e segue sob guarda policial

Atualmente, cerca de trinta veículos de comunicação, entre emissoras de rádio e TV, jornais e revistas já receberam intervenção, sendo que maior parte deles foi fechado definitivamente em até três meses após a tomada. Há, ainda, 32 jornalistas presos e diversos sendo processados em liberdade.

Mais do que o controle oficial do que é publicado, há a auto-censura da mídia, de estudiosos e professores universitários, que temem represálias e processos por parte da Presidência do país. Ou seja, a liberdade de pensamento também está na berlinda.
Ainda neste domingo, a reportagem passou em frente à sede do grupo Zaman, que continua com policiais armados em seus acessos e com grades isolando toda a calçada a seu redor.

Em tempo: A Turquia ocupa a posição 149 entre os 180 países citados na classificação mundial da liberdade de imprensa da ONG Repórteres Sem Fronteiras, atrás de Mianmar, que está na 144, e um pouco à frente da Rússia, na 152.

Mais informações, entrevistas e entradas ao vivo, você acompanha durante a semana no Portal IMPRENSA, e na edição de abril da revista.

Por Thaís Naldoni, gerente de Conteúdo, enviada a Istambul
*IMPRENSA viajou a convite do Centro Cultural Brasil-Turquia

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