Página principal 2

 Últimas notícias

Mustafa Göktepe: ‘Nenhuma religião aprova o terrorismo’

Mustafa Göktepe: ‘Nenhuma religião aprova o terrorismo’
março 03
16:04 2016

Em entrevista para O Globo, o presidente do Centro Cultural Brasil-Turquia Mustafa Göktepe relata sua visão e experiência no Brasil. Na entrevista, Mustafa fala sobre terrorismo, futebol, novela e da relação da Turquia com este país. No resto da entrevista ele continua assim:

“Nasci em Konya, na Turquia, em 1977. Há 12 anos vivo no Brasil, onde conheci minha mulher. Depois de aprender português, passei a lecionar turco em universidades, como a USP, apesar de ser formado em informática. Em 2011, nós fundamos o Centro Cultural. Hoje tenho cidadania brasileira.” – Relata Mustafa Göktepe.

Conte algo que não sei.

Os brasileiros costumam confundir os turcos com nossos vizinhos árabes. Isso foi um choque para mim. Afinal, árabes e turcos nem falam o mesmo idioma. Seria como chamar um brasileiro de argentino.

Como funciona o Centro Cultural Brasil-Turquia?

Além de promover a cultura turca, nossa ideia é criar uma ponte entre dois países que não se conhecem bem. Nossas atividades, que buscam unir pessoas de todas as etnias, culturas e religiões em torno de valores universais, envolvem seminários, encontros acadêmicos e conferências sobre diversos temas, como o Festival de Língua e Cultura, que tem sua primeira edição na América Latina.

Quais são as atividades do CCBT Rio?

O espaço cultural e social carioca existe há dois meses. Fazemos seminários, encontros de chá turco e cursos de arte, como desenho e caligrafia turcas.

Quais são as semelhanças entre os dois países?

Na Turquia, tudo que eu sabia sobre o Brasil se resumia a samba, carnaval, Amazônia e futebol. Mas temos muitas coisas parecidas, principalmente a simpatia. Além dos problemas internos.

Há também a paixão pelo futebol.

Sim. O primeiro ídolo brasileiro foi o Taffarel, no Galatasaray. E temos o Alex, é claro, que é amado pelos torcedores do Fenerbahçe. Há até uma estátua dele em praça pública. O Alex ajudou a popularizar o Brasil. O futebol segue sendo o maior elo entre os dois países.

Como foi seu trabalho na novela “Salve Jorge”?

Atuei como consultor. Era uma oportunidade de desmistificar a visão equivocada que muita gente tem de nosso país. As pessoas me perguntavam se nós tínhamos aeroporto, se andávamos de camelo, se havia carros na Turquia. Seria como pensar que todo brasileiro joga futebol pelado pelas ruas (risos). O resultado foi positivo, apesar de alguns equívocos. Após a novela, o número de turistas brasileiros na Turquia aumentou consideravelmente.

Como o conflito na Síria afeta a Turquia?

Eu costumava dizer que a Turquia ficava num lugar estratégico, bem no centro do mundo, entre a Europa e Ásia. Hoje digo que a Turquia está num lugar muito complicado de se viver. Somos praticamente o único ponto de fuga dos refugiados sírios. Infelizmente, nosso governo tem usado isso como fator de barganha para tentar aprovar nossa entrada na União Europeia. É grave a crise.

Há preconceito contra muçulmanos no Brasil?

Antes havia mais curiosidade e interesse pelo Islã. Contudo, após os ataques recentes, as coisas mudaram. Mas não existem terroristas muçulmanos ou católicos. Nenhuma religião aprova o terrorismo e a violência. Minha religião não é essa que eles professam. Sigo um Islã muito diferente. Afinal, islã significa paz.

Em “Istambul”, Orhan Pamuk fala da hüzün, a melancolia coletiva da cidade. Isso existe?

Essa expressão significa tristeza. Atualmente, a maior hüzün da Turquia é a perda dos valores democráticos, uma cinza preta que paira pelo país.

por Sérgio Luz
25/02/2016 6:00

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/sociedade/conte-algo-que-nao-sei/mustafa-goktepe-tradutor-nenhuma-religiao-aprova-terrorismo-18741845#ixzz41qNToMzf

Sobre o autor

vozdaturquia

vozdaturquia

Artigos relacionados

0 Comentários

Nenhum comentário ainda!

Não há comentários no momento, gostaria de adicionar um?

Escreva um comentário

Escreva um comentário

Mailer