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A perseguição contra o Movimento Hizmet

A perseguição contra o Movimento Hizmet
maio 20
10:01 2016

HIZMET – A República da Turquia foi fundada na base da herança do Império Otomano. A nova República começou com um sistema unipartidário em que o secularismo, o laicismo e a modernização foram a política de enculturação dos governos opressivos. A transição para o sistema multipartidário ocorreu somente em 1946, como resultado da aproximação à OTAN e à aliança do Ocidente para impedir a expansionismo soviético. Essa e muitas outras causas impediram, por muitos anos, a institucionalização da democracia plena na Turquia. Os golpes realizados em 1960, 1971, 1980 e 1997 foram demonstrações da tutela militar sobre a democracia turca.

O Governo do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), fundado com a liderança do antigo prefeito de Istambul, Recep Tayyip Erdogan, surgiu como uma esperança para a democracia turca. Entre 2002 e 2010, o período considerado como “a era de ouro da Turquia” por cientistas políticos, as leis de conformidade com a União Europeia (EU), as fortes medidas tomadas no processo de democratização, os movimentos econômicos bem-sucedidos, os trabalhos de integração com o Sistema internacional, assim como o enfraquecimento da tutela militar, fizeram com que a Turquia aparecesse como uma
estrela em ascensão na sua região.

Neste processo de democratização e integração com os valores universais, o Movimento
Hizmet tomou uma atitude positiva e construtiva: organizou e organiza, em todo o mundo,
atividades de ajuda internacional, serviços educacionais, na qual reúne pessoas de diferentes
religiões e culturas e, deste modo, ficou conhecida como uma das organizações civis mais
pacíficas do mundo. A clara interrupção da atitude positiva do Movimento Hizmet ao governo
surgiu quando a tendência autoritária de Erdogan começou a ser evidente e quando ele tentou
tomar o controle de outros tomadores de decisão, violando o princípio da “separação dos
poderes”, uma das caraterísticas essenciais da democracia. A política externa regional muito
agressiva de Erdogan durante a “Primavera Árabe” foi um dos fatores de grande preocupação
para o Movimento Hizmet.

Em 2012, A Fundação de Jornalistas e Escritores, uma instituição proeminente do Movimento
Hizmet, anunciou através de uma declaração escrita ao público, que o Hizmet não apoia nem
apoiaria nenhum partido político, mantendo-se assim com a mesma distância em relação a
todos os partidos. Em contrapartida, Erdogan ameaçou confiscar os cursos pré-vestibulares
ou “dersanes” – que ocupa um lugar muito importante no sistema educacional turco – e
iniciou o processo de fechamento de todos os cursinhos, da iniciativa privada, embora isso
seja contra a constituição.

Contudo, em 17 de Dezembro em 2013, a maior investigação de corrupção da história da
Turquia abalou o governo do Erdogan. As investigações decifraram uma cadeia de propinas e
desvio de dinheiro de bilhões de dólares através de um comércio ilegal de “ouro por petróleo”,
entre Turquia e Irã. Isso acontecia em um momento que a ONU impunha sanções contra
o Irã. A Turquia excedeu as sanções violando as normas bancárias internacionais. Quatro
ministros do Governo de Erdogan e o ator principal das investigações, um jovem empresário
iraniano, Reza Zarrab, juntamente com filhos de três ministros que tiveram que renunciar. A
conversa telefônica de Erdogan com seu filho Bilal Erdogan mostrou que ele está exatamente
no centro de esquema de subornos e desvios.

Porém, Erdogan reagiu destituindo os promotores e policiais que conduziam as investigações.
Em seguida, os presos das operações, incluindo o Reza Zarrab, foram libertados. Em março
de 2016, Reza Zarrab foi preso nos EUA, sob acusação de lavagem de dinheiro e perfuração
de sanções contra o Irã. Ele está sendo julgado com possível condenação a mais de 75 anos.

Após as revelações, Erdogan alegou que essas investigações, da qual ele é peça-chave,
foram organizadas pelo Movimento Hizmet e lançou uma “caça às bruxas”, acusando
o Hizmet de “Estado Paralelo”. Como o resultado dessa “caça às bruxas”, mais de 2.000
pessoas foram detidas, sem processo judicial ou julgamento algum, violando o direito
internacional, direitos humanos universais e liberdades individuais. Mais de 600 pessoas
foram presas, todas sem nenhum processo judicial e/ou julgamento. Um dos três maiores
bancos do país, o Bank Asya; uma das maiores editoras, Kaynak Holding; o maior jornal,
Zaman; e o terceiro maior grupo de mídia, Ipek, dono de dois jornais e de dois canais de
TV, foram confiscados e suas contas bancárias apreendidas. A transmissão dos canais do
Grupo Samanyolu TV foi bloqueada. Os dois jornais tomados pelo governo à força pela
polícia, o Zaman e o Bugun, foram fechados alguns meses depois da tomada.

Dois generais e um coronel, que não quiseram ser cúmplices nos crimes internacionais
de Erdogan, foram presos sob a acusação de fazer parte do “Estado Paralelo”, decorrente
das investigações sobre caminhões cheios de munição enviados para grupos radicais na
Síria pelo MIT (Agência de Inteligência da Turquia). Os promotores, juízes e policiais
que iniciaram investigações sobre esses caminhões ainda estão presos.

O diretor executivo do Jornal Cumhuriyet, Ugur Dundar, e o chefe da redação, Erdem
Gul, publicaram notícias sobre esses caminhões e foram detidos sob a acusação de serem
membros do “Estado Paralelo”. Foram presos por mais de 3 meses e condenados a mais
5 anos e 10 meses de prisão.

Os membros do Tribunal Constitucional que decidiram pelo julgamento desses
jornalistas em liberdade, também foram acusados de fazer parte do “Estado Paralelo”.
O diretor executivo da Samanyolu TV, Hidayet Karaca, foi preso por um trecho de
roteiro de um seriado de TV exibido em 2005. Os juízes que libertaram ele, também
foram presos.

Passaportes de centenas de pessoas foram cancelados ilegalmente. Os empresários mais respeitados foram presos, como os irmãos, Haci e Memduh Boydak. Milhares de empresários correm o risco de confisco de suas contas bancárias e bens. 14 mil pessoas estão sob perigo de serem desnacionalizadas por fazerem parte do Movimento Hizmet. Isso nos lembra os processos de expulsão da nacionalidade de milhares de pessoas no Golpe Militar de 1980 e faz com que entendamos o quão grande é a repressão que a Turquia está enfrentando.
Para alegar a legitimidade, o Governo de Erdogan vem usando métodos que só podemos ver em países de terceiro mundo, como denúncias de jornais e depósitos bancários falsos. Por outro lado, os relatórios sem embasamento legal são preparados para fechar as escolas instaladas por voluntários e apoiadores do Movimento Hizmet, não somente na Turquia mas também no exterior. Alguns países que têm alguma dependência com a Turquia são pressionados pelo governo de Erdogan para fechar essas escolas. O fato de as atividades da “Kimse Yok Mu” – organização filantrópica de assistência fundada pelo Movimento, conhecida no mundo inteiro por suas campanhas de ajuda humanitária – chegarem ao ponto de parar devido à repressão do governo turco é a evidência mais concreta da dimensão da perseguição contra Hizmet. Quem diria que o Primeiro-Ministro, Ahmet Davutoglu e sua equipe também chamariam o Hizmet de “paralelo” e os membros de traidores? Com o controle absoluto da mídia no país e com todos os recursos públicos à sua disposição, Erdogan fortaleceu cada vez mais o seu poder. Com esse poder, recentemente (maio de 2016) afastou Davutoglu de seu cargo, cometendo um golpe presidencial contra um primeiro-ministro eleito. Com todas essas experiências dos últimos anos, a Turquia testemunhou até que ponto a caça às
bruxas e a ambição política podem chegar!

Fontes: http://www.gulenmovement.us/ 

http://hizmetnews.com/ 

http://www.gulenmovement.com/

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vozdaturquia

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