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Detenção de jornalistas e cenógrafos na Turquia

Detenção de jornalistas e cenógrafos na Turquia
março 14
19:45 2016
DETENÇÃO DE JORNALISTAS E CENÓGRAFOS NA TURQUIA
O dia 14 de dezembro de 2014, domingo, sem dúvida, foi um dos mais tristes da história para a democracia e para a liberdade de imprensa na Turquia. Vários jornalistas, cenógrafos de seriados de TV, inclusive o editor do maior jornal da Turquia (Zaman e Today’s Zaman), Ekrem Dumanli, e o presidente de um dos maiores grupos de emissoras de TV (Samanyolu), Hidayet Karaca, foram detidos com acusações infundadas. Essa ação é um golpe contra a liberdade de imprensa e contra os princípios da democracia, na opinião da CÂMARA DE COMÉRCIO TURCO BRASILEIRA, Comunidade internacional também interpretou assim. A chefe de política externa da União Europeia, Federica Mogherini e o Comissário Johannes Hahn, em declaração conjunta disseram: “As prisões de vários jornalistas e representantes da mídia na Turquia hoje são incompatíveis com a liberdade dos meios de comunicação, que é um princípio essencial da democracia. Esta operação vai contra os valores e normas europeus, que a Turquia aspira a ser parte.” EUA criticaram o governo turco e pediram que sejam respeitados a liberdade de imprensa, a independência da justiça e “seus fundamentos democráticos”, segundo a porta-voz do Departamento de Estado, Jennifer Psaki. Kemal Kilicdaroglu, líder do partido opositor CHP (Partido Republicando do Povo), classificou as operações como um golpe: “O que estamos assistindo não acontece numa democracia saudável. Isso é um golpe do governo contra a democracia.”O Presidente Erdogan acusa o erudito turco Fethullah Gülen de criar uma “estrutura paralela” com seus apoiadores no sistema judiciário, na polícia, e em outras instituições estatais, além de usar sua influência através dos meios de comunicação, do que o Gülen e uma grande parte da sociedade turca e da comunidade internacional discordam. Um dos poucos grupos de mídia não controlados pelo governo turco é o grupo do jornal Zaman e de emissora de TV Samanyolu, do movimento Hizmet, inspirado no Gülen. Hoje, na Turquia, mais de 80% dos jornais e emissoras de tv e rádio são controlados pelo governo. Essas detenções têm o objetivo de intimidar a imprensa que não apoia o governo turco cegamente. Depois de prestar depoimentos, os jornalistas serão soltos, pois não há nenhuma acusação que justifique essas detenções.

A ação faz parte de uma série de medidas que vem sendo adotadas por Erdogan, desde que estourou um dos maiores escândalos de corrupção no país, em dezembro de 2013, para distrair o foco na véspera do aniversario dessas revelações. Erdogan teve seu nome envolvido em suspeitas de corrupção, fraude e lavagem de dinheiro em um caso de venda de ouro e transações financeiras entre a Turquia e o Irã, junto com nome de quatro ministros do seu governo.

DA UNIÃO EUROPEIA A UM SISTEMA AUTORITÁRIO

Até o referendo em 2010 para decidir a mudança da constituição atual para uma mais democrática e liberal, a Turquia vinha tendo um desenvolvimento admirável no sentido de democracia mais sólida, realizando reformas exigidas pela União Europeia. Isso era a proposta principal do AKP, Partido de Desenvolvimento e Justiça (o partido que Erdogan fundou em 2001) quando assumiu o poder em 2002, e realmente cumpriu parte dessas promessas.

Mas, desde 2011, logo depois do início das ondas da “primavera árabe” no Oriente Médio, AKP está desfazendo todas as reformas que tinha realizado e levando o país para um nível muito pior do que recebeu, para um país de “uma só pessoa”, um sistema autoritário, não-democrático, pressionando à imprensa, intimidando as empresas que não fazem parte de seus aliados, entre outras ações ilegais. Hoje, mais de 80% da mídia na Turquia, tanto impressa quanto audiovisual, estão sob controle do governo e de Erdogan. A equipe do Erdogan decide até manchetes, manda textos prontos para colunistas, faz desinformação em massa e distrai o foco do público quando é revelado algo errado. Assim o AKP conseguiu ter a maioria dos votos em duas últimas eleições.

Quando as corrupções foram reveladas em dezembro de 2013, o Erdogan era primeiro-ministro, hoje é presidente. Ele comentou da vontade de mudar o sistema do país, do parlamentarismo para presidencialismo e quer ser o primeiro presidente da “Nova Turquia”, como ele chama o novo país. A construção do palácio presidencial com 1150 quartos, que custou mais 1,5 bilhão de reais e a compra do maior avião presidencial do mundo, com um custo de 500 milhões de reais fazem parte das preparações do povo turco ao sistema presidencialista.

O Movimento Hizmet, contra quem o Erdogan está fazendo uma guerra desde o surgimentos das corrupções, é um movimento social, educacional, altruístico e apolítica, que não se envolve com política. Seu inspirador é Fethullah Gülen Hocaefendi, um erudito turco, escritor, poeta e líder religioso. Vive nos EUA há 16 anos, inicialmente por motivos de saúde, agora por causa da situação crítica na Turquia. O Movimento Hizmet possui atividades em mais de 160 países, com escolas seculares, centros culturais, câmaras de comércio, instituições de dialogo inter-religioso, entre outras. Todas essas instituições enfatizam os valores universais, como a democracia, a ciência, a razão, a liberdade de religião e não-política, e têm objetivo de estabelecer uma convivência pacífica e relações harmoniosas entre membros de diferentes crenças e culturas. Muitas das instituições do movimento Hizmet são parceiras da ONU e são muito respeitadas nos países onde estão instaladas, inclusive na Turquia.

O Erdogan, vários ministros e deputados de seu governo também tinham esse respeito, eles falavam muito bem do Hizmet e do Fethullah Gülen, elogiavam-nos, prestigiavam as atividades, inauguravam e visitavam as instituições, tanto na Turquia quanto fora nas suas visitas internacionais. Depois que surgiram as corrupções, trocaram a amizade por essa grande inimizade. Desde instituições educacionais até instituições de caridade do movimento Hizmet são alvos da perseguição do governo turco, como a imprensa que critica suas ações anti-democraticos.

Nós, do CAMARA DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA TURCO BRASILEIRA estamos preocupados com a situação na Turquia e protestamos qualquer tipo de perseguição e restrição à liberdade de imprensa, que é um dos pilares da democracia.

Atenciosamente,
CAMARA DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA TURCO BRASILEIRA
http://www.ccitb.org.br/

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