Voz da Turquia

Büşra Erdal, jornalista encarcerada que luta contra um sistema judicial que se deteriorou desde uma tentativa de golpe na Turquia em 2016, disse em uma carta recente que não é apenas o coronavírus, mas também a injustiça que mata.

Erdal está na prisão de Istambul em Bakırköy desde 2016, entre as dezenas de jornalistas presas imediatamente após um golpe violento, por suposta participação no movimento Hizmet, que é acusado de orquestrar o golpe fracassado. O movimento nega veementemente qualquer envolvimento.

Ela recebeu uma sentença de seis anos e três meses de prisão e seu recurso está pendente no Supremo Tribunal de Apelações.

Mesmo se o tribunal superior confirmar a sentença, ela já cumpriu os 44 meses necessários e tem o direito de ser libertada em liberdade condicional.

A promotora que investigou seu caso citou as notícias e os tweets de Erdal, além de afirmar que ela trabalhava para o jornal Zaman, um diário afiliado ao movimento Hizmet.

Ali Akkuş, outro jornalista julgado no mesmo caso que Erdal, foi libertado recentemente em liberdade condicional, uma decisão que indica discriminação mesmo entre jornalistas presos.

“Como o Supremo Tribunal de Apelações está adiando o veredito, sou forçada a sofrer mais porque já cumpri meu tempo”, escreveu Erdal na carta ao site de notícias Ahval.

“Estou em uma cela individual há meses, o que parece uma vida inteira”, disse ela.

“Além disso, devido às medidas tomadas para o surto de coronavírus, estou compartilhando essa cela estreita com alguém porque há muito pouco espaço livre na prisão. Não consigo respirar ou me mexer aqui ”, acrescentou.

Após a tentativa de golpe de 2016, o governo turco começou a usar leis antiterror para silenciar seus críticos, prendendo milhares de pessoas de vários segmentos da sociedade.

Muitas pessoas sofreram injustiças adicionais como Erdal devido à arbitrariedade na execução de sentenças.

Fonte: ‘Not just coronavirus but injustice also kills,’ jailed journalist says