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Empresas da Síria geram emprego em outros países

Empresas da Síria geram emprego em outros países
abril 20
16:18 2016

Quando uma das maiores empresas de alimentos da Síria deixou a periferia da capital Damasco para a poeirenta cidade de Irbid, na Jordânia, em 2012, a Al Durra General Trading and Investment Co. foi uma das primeiras empresas sírias a se registrar nessa cidade de fronteira. Hoje, ela compartilha uma “zona livre” (como são conhecidas as zonas de livre comércio na região) com mais de 20 outras empresas que também deixaram a Síria. Outras centenas de firmas se mudaram para diferentes cidades na Jordânia, enquanto o conflito sangrento na Síria entra em seu sexto ano.

Com a implosão da economia síria, empresas como a Al Durra têm se transferido para vários países do Oriente Médio para onde seus clientes também fugiram em grandes números. O sucesso dessas empresas tem desafiado a ideia de que os refugiados sírios são um fardo para as economias que os abrigam e que eles roubam empregos dos habitantes locais.

A fuga de capital e de talentos da Síria têm beneficiado especialmente a Jordânia, o Líbano e a Turquia, que, como consequência, estão registrando um aumento no número de novas empresas e de empregos. Entre os refugiados estão proprietários de empresas sírias que viram suas fábricas e escritórios serem destruídos. Outros decidiram deixar o país depois que seus clientes desapareceram e suas redes de distribuição ruíram.

“Os investimentos precisam de estabilidade e segurança”, diz Khaled Khamees, diretor de exportação da Al Durra. “As condições na Síria forçaram a mudança da nossa empresa.”

Na Turquia, os sírios registraram 1.429 empresas no ano passado e se tornaram “atores importantes” na economia, informou em janeiro a Autoridade de Gestão de Desastres e Emergências do país em um relatório. Os sírios já investiram US$ 71 milhões em joint ventures com empresários turcos — cerca de 20% do dinheiro estrangeiro investido em parcerias locais na Turquia em 2015.

No Cairo, restaurantes sírios oferecendo pratos típicos se proliferaram. Desde 2011, quando o conflito começou na Síria, o total de recursos investido por empresas criadas por sírios e seus sócios locais no Egito soma US$ 792 milhões, segundo a Autoridade Geral para Investimentos e Zonas de Livre Comércio do país.

Os países vizinhos da Síria, sobrecarregados com o êxodo, recuaram no apoio aos refugiados, cujo número não para de crescer, e fecharam parcialmente as fronteiras que antes eram mantidas abertas. Autoridades turcas, libanesas e jordanianas informaram que os investimentos e as habilidades que as empresas sírias trazem não compensam o fardo de cuidar de tantos refugiados — e que volumes massivos de ajuda estrangeira ainda são necessários.

“O Líbano não tem condições de financiar o enorme fardo sozinho”, disse o primeiro-ministro Tamam Salam em uma conferência da Organização das Nações Unidas com doadores sobre a crise da Síria, em Londres, em fevereiro.

O Rei Abdullah, da Jordânia, país que abriga cerca de 600 mil sírios registrados na agência de refugiados da ONU, disse na mesma conferência que os refugiados consomem mais de 25% do orçamento anual da Jordânia. “É como se o Reino Unido tivesse que absorver a população inteira da Bélgica”, disse ele.

Apesar dos problemas financeiros, a Jordânia está colhendo os dividendos dos investimentos das empresas sírias. As zonas de livre comércio da Jordânia têm exportações anuais de US$ 5 bilhões. Desse total, aproximadamente US$ 500 milhões são de empresas sírias, de acordo com Nabeel Romman, presidente do conselho da Comissão de Investidores de Zonas de Livre Comércio da Jordânia.

Para os sírios que foram desalojados de suas casas, reestabelecer-se em novos países significa ter que lidar com concorrentes locais e obstáculos jurídicos. Obter licenças de trabalho pode ser difícil. Os refugiados sírios não podem trabalhar legalmente no Líbano; a Turquia recentemente adotou medidas para facilitar que os sírios obtenham autorizações de trabalho.

Um sírio que possui uma loja de perfumes em Trípoli, no Líbano, diz que a maioria dos empresários sírios opera sem registro, frequentemente empregando outros sírios que não possuem licenças de trabalho.

Mais da metade das empresas sírias no Líbano foram abertas depois que o fluxo de refugiados começou, em 2011, informou o Banco Mundial no ano passado. O Líbano acolheu mais de 1,2 milhão de sírios desde então.

A Al Durra possuía 1.500 empregados e três fábricas em Damasco. Agora, 450 sírios e jordanianos trabalham lado a lado na unidade de Irbid. A empresa também abriu uma pequena fábrica no Egito que, segundo ela, opera legalmente.

Os executivos de Al Durra esperam mudar a imagem dos sírios de refugiados necessitados de ajuda para investidores e trabalhadores capacitados e prontos para entrar em ação. Aproximadamente 70% da força de trabalho de Al Durra em Irbid são jordanianos; os demais, sírios, todos com licença de trabalho, segundo a empresa.

“Há uma diferença entre investidor e refugiado”, diz Khamees.

Karen Leigh e Suha Ma’ayeh

(Colaboraram Dana Ballout, Emre Peker, Felicia Schwartz e Dahlia Kholaif.)

Fonte: br.wsj.com

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